Blog •  11/10/2023

Mercado de milho: práticas para a semeadura da Safra Verão e perspectivas para a Safra 2023/24

Felipe Fabbri, zootecnista me 
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Lavoura de milho

Subtítulo: Planejamento e boas práticas são questões de ordem ao olhar para o preparo da semeadura da safra que iniciará. 

 

No Brasil, a Safra Verão 2023/24 começa a ser semeada em setembro. O milho é a segunda produção agrícola mais importante na Safra Verão, atrás apenas da cultura da soja.

O planejamento da semeadura do milho é etapa muito importante, por isso entender, estudar os componentes e os custos de produção de milho deve ser feito de modo estratégico, já que o planejamento determina o início de um processo que leva cerca de 120 a 130 dias.

Um bom planejamento pode elevar a plantabilidade. Mas você já ouviu falar em plantabilidade? Ela é a ciência do plantio e componente técnico que faz toda a diferença para o resultado da safra. 

Ao seguirmos as boas práticas de plantabilidade, melhoramos a chance de termos uma safra de qualidade e com resultados expressivos. Hoje, traremos algumas boas práticas para o plantio de milho e também o panorama do mercado de milho na Safra 2023/24. Vamos lá?

Conheça as condições edafoclimáticas da região da sua lavoura e tome cuidado com as temperaturas

Entender se as condições de solo e clima são adequadas para o plantio de milho é a premissa que impacta diretamente nos resultados de produtividade. 

Para o cultivo de milho, as temperaturas recomendadas variam entre 10 ºC (mínimo) e 42 ºC (máximo), sendo a faixa ideal entre 25 e 30 ºC. Um ponto de atenção é com as temperaturas durante a noite, já que longos períodos de temperatura elevada reduzem o rendimento de grãos.

A época do plantio deve ser bem definida, de modo que a floração e a fase de enchimento dos grãos coincidam com os períodos chuvosos. O ZARC – Zoneamento Agrícola de Risco Climático ajuda o produtor a planejar a época de semeadura da melhor maneira possível.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e transformado em política pública pelo governo federal, buscando minimizar os riscos climáticos e aumentar a gestão de risco e recursos na agricultura.

O zoneamento indica para cada município o que, como e onde plantar ou semear com base no menor risco climático para diferentes culturas e tipos de solo.

A análise é  possível por meio do desenvolvimento da climatologia, modelagem e análise espacial, visando reduzir as perdas na agricultura por seca ou chuvas em excesso.

Atenção ao solo, ao seu preparo e à profundidade de semeadura

Ao planejarmos o solo para o plantio de milho, devemos considerar as propriedades deste e a profundidade efetiva.

É importante observar a capacidade de uso e a aptidão agrícola do solo e fazer correções (físicas e químicas), se necessário. Sobre a profundidade efetiva, o desejável é que seja maior que 50 cm, para possibilitar o bom desenvolvimento do sistema radicular do milho.

O preparo do solo é passo fundamental e determinante para uma boa produtividade. O preparo do solo tem como objetivo fornecer condições favoráveis para semeadura, estabelecimento, desenvolvimento e produção das culturas por meio da mobilização do solo por tempo ilimitado, gerando efeito sobre suas propriedades físicas, químicas e biológicas.

Caso o conjunto de práticas de manejo de solo seja usado racionalmente, as barreiras para a cultura expressar seu potencial produtivo se tornam menores.

É importante, também, atentar-se à profundidade de semeadura, que será diferente de acordo com o perfil do solo. Para solos argilosos, a profundidade recomendada é de 3 a 5 cm. Já em solos mais leves e arenosos, o recomendado é que a profundidade esteja entre 5 e 7 cm. Isso é determinante para a boa emergência das plântulas e melhor utilização da água durante o processo de emergência.

Além da profundidade do solo, teste e regule frequentemente os equipamentos de semeadura para entender quais são as melhores condições para sua propriedade. 

No caso de semeadoras de disco, o recomendado é que a velocidade nunca ultrapasse 6 km/h. Para as pneumáticas, pode ser adotada uma velocidade um pouco maior, dependendo da topografia do terreno.

Você pode acessar mais informações sobre um bom preparo do solo aqui, em nosso blog:

Atenção ao preparo do solo para o plantio da safra de verão 2022/2023

Como resolver o problema de compactação dos solos com GPS?

Importância da regulagem do equipamento e profundidade da semeadura – Parte 1

Escolha sementes de qualidade e de procedência

A qualidade da semente é fundamental para o sucesso da safra. 

Para a definição da semente mais adequada, o produtor deve estar atento às características de cada híbrido e analisar sua própria realidade, objetivos e sistema de produção adotado.

A boa semente é capaz de mostrar toda a futura trajetória da lavoura ao produtor, desde o plantio até a colheita. Assim, é comum dizer que, dependendo do nível de tecnologia empregado, o produtor terá uma lavoura de menor, médio ou alto nível tecnológico.

Conte com os híbridos da Brevant® Sementes, especialista em sementes e que pode indicar o melhor de acordo com a sua região e seus objetivos.

Semente de milho: critérios para uma boa escolha

Híbridos Brevant® Sementes

Contamos em nosso portfolio com 16 híbridos adaptados às necessidades de diferentes regiões, seja para grãos ou para silagem.

Destacamos os híbridos B2800VYHR/B2800PWU, B2801VYHR, precoces, com bom porte e planta e posicionados para verão e Safrinha e o B2360PWU, superprecoce, com ótima qualidade de raiz e colmo, indicado para a Safrinha também.

Já o híbrido B2702VYHR possui excelente potencial de rendimento, proporciona uma excelente qualidade de grãos e é indicado tanto para verão quanto para Safrinha.

Atuamos de Norte a Sul do país, contando com o maior banco genético do mercado para simplificar as decisões do produtor. Para mais detalhes acesse o portfolio de sementes de milho.

Primeiras impressões sobre o mercado do milho para a Safra 2023/24

No Brasil, a produção na segunda safra foi estimada em 100,18 milhões de toneladas (agosto/23). E a produção brasileira (1ª, 2ª, 3ª safra) está estimada em 139,9 milhões de toneladas. Esta será a maior da história do país. 

Com a perspectiva de uma boa produção, a cotação do milho caiu 40,3% desde o início do ano, com a saca estando negociada em R$ 54,00 em Campinas/SP.

Com a safra global em 2022/23 praticamente consolidada, o mercado passou a acompanhar o mercado norte-americano, que viveu entre junho e julho um “mercado do clima”, chegando a influenciar, momentaneamente, as cotações no Brasil (figura 1).  

Figura 1. Cotação do milho, em R$/saca de 60 kg, em Campinas/SP

Fonte: Scot Consultoria

O “mercado do clima” e as perspectivas para a Safra 2023/24 nos Estados Unidos 

A Safra 2023/24 nos Estados Unidos está em desenvolvimento e as colheitas estão em andamento. 

Com a cultura semeada, o clima seco e chuvas abaixo das expectativas em boa parte do “Grain Belt” têm chamado a atenção. 

No início de julho (4 de julho), cerca de 67% das lavouras encontravam-se sob algum tipo de condição de seca (figura 2a). Esse índice, até o começo de agosto (8 de agosto), melhorou, com cerca de 49% das lavouras com algum tipo de condição de seca. 

Figura 2a. Condição de seca nas lavouras de milho, nos Estados Unidos, até 4 de julho

Figura 2b. Condição de seca nas lavouras de milho, nos Estados Unidos, até 8 de agosto

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)

Apesar da melhora, a produção norte-americana, em função do estresse hídrico, deverá ser menor que as expectativas iniciais. 

Balanço de oferta e demanda global 

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, em 11 de agosto, novo balanço de oferta e demanda global (WASDE), com corte na expectativa de produção, em função de menor produtividade das lavouras, reflexo do quadro climático apresentado. 

A produção norte-americana estava estimada em 389,14 milhões de toneladas (jul/23) e foi reduzida em 5,3 milhões de toneladas, estando estimada em 383,83 milhões (ago/23). 

O USDA também estima queda de produção na China (-3,0 milhões) e na União Europeia (-3,7 milhões), estando estimadas em 277,0 e 59,7 milhões de toneladas, respectivamente. 

Para o Brasil, a produção para a Safra 2023/24 está estimada em 129,0 milhões de toneladas, retração frente à produção estimada para o ciclo 2022/23. 

Com relação à exportação brasileira, a expectativa é de que o Brasil continue como o maior exportador da commodity, posição conquistada em 2022/23, com os embarques estimados em 55,0 milhões de toneladas. 

Por fim, a produção argentina deverá se recuperar em 2023/24 (54,0 milhões de toneladas), após forte quebra no ciclo 2022/23 (34,0 milhões de toneladas) em função da maior seca já vivida na história do país. 

Com relação aos estoques globais, o USDA cortou em 3,0 milhões a estimativa apresentada em julho/23, cujo volume projetado era de 314,11 milhões de toneladas. A estimativa atual, com a redução, está em 311,0 milhões de toneladas. Apesar do corte, se as produções se confirmarem ao longo da temporada, os estoques globais deverão ser maiores frente à Safra 2022/23, que foi  de 297,92 milhões de toneladas. 

Expectativas para a Safra 2023/24 no Brasil

Após forte queda na temporada 2022/23 e custos elevados, que achataram as margens da operação, o que esperar para o ciclo, que se inicia no Brasil em setembro? 

Um dos pontos a ser considerado é de que os custos de produção da Safra 2023/24 deverão ser menores frente à Safra 2022/23. Os preços dos fertilizantes, defensivos, e demais insumos caíram nos últimos doze meses. 

Em Mato Grosso, para a segunda Safra 2023/24, a estimativa de custos operacionais totais (COT) é de R$ 4,5 mil/hectare. Há um ano, o custo estava estimado em R$ 5,7 mil/hectare. 

Com relação aos preços, o mercado futuro, no fechamento de 17 de agosto, trabalha com referências acima das atuais para o primeiro semestre de 2024, em função da expectativa de novos cortes na produção norte-americana e demanda firme pelo milho brasileiro (figura 3).

Apesar da expectativa de preços menos pressionados, não se espera ver a referência próxima às máximas vivenciadas entre 2021 e 2022 – a depender, é claro, do clima.

Figura 3. Preço médio do milho, em Campinas/SP, em R$/saca, no mercado físico (em azul) e no mercado futuro - B3 (em laranja)

Fonte: B3 (17/8/23) / Elaboração: Scot Consultoria

Por fim, com relação ao clima, após três anos sob efeito do fenômeno climático do La Niña, que causou impactos significativos na produção ao sul do Hemisfério Sul, passaremos a ter a influência do fenômeno El Niño, cuja característica principal é de menor volume de chuvas no Centro-Norte do Brasil. 

Ao produtor, podemos estar diante de um cenário menos pressionado do que o vivido em 2022/23. Mas não esperamos que os fortes preços vistos nas últimas safras sondem o mercado tão cedo. 

Referências

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) 

Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA)

Scot Consultoria