Blog •  01/09/2022

Importância da regulagem do equipamento e profundidade da semeadura – Parte 1

Escrito por Rodolfo Silber, engenheiro agrônomo, Me. e analista de mercado
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Importância da regulagem do equipamento e profundidade da semeadura

Atenção para operação de semeadura

Com o solo preparado para receber a cultura, a operação de semeadura é a próxima etapa que deverá receber atenção do produtor.

Uma boa germinação e emergência asseguram o desenvolvimento rápido e uniforme, além de garantir o estande adequado, permitindo o estabelecimento e o sucesso do cultivo.

Para que a germinação e a emergência ocorram da melhor forma, a semente deve ser depositada no solo com as condições de umidade, temperatura e aeração ideais. Esses fatores sofrem alterações de acordo com a profundidade no solo, podendo prejudicar desde o desenvolvimento da cultura até os tratos culturais.

A deposição da semente deve ser feita em uma profundidade que permita um bom contato com o solo úmido, de modo a atender às exigências agronômicas da cultura.

Como a profundidade de semeadura interfere na germinação e emergência?

A profundidade de semeadura influencia a germinação e emergência, e pode prejudicar o bom desenvolvimento no período inicial da cultura.

A semeadura em profundidades maiores pode disponibilizar maior quantidade de água, porém haverá maior obstrução mecânica, menor arejamento e temperatura inadequada para uma boa germinação, além de deixar a semente por mais tempo suscetível a ataques de pragas e doenças.

Em profundidades menores, pode haver maior velocidade de germinação e porcentagem de emergência, entretanto, a menor disponibilidade de água e a temperatura podem se tornar um problema, podendo acarretar até a ausência de germinação.

Para cada espécie é indicada uma profundidade diferente de plantio. Para a soja e o sorgo, recomenda-se a semeadura entre 3 e 5cm; já para o milho, em solos com maior teor de argila, a recomendação é de 3 a 5cm e, em solos arenosos, de 5 a 7cm (Embrapa).

Um dos principais fatores que alteram a recomendação é a textura do solo, sendo ela quem determinará qual a profundidade recomendada para a semeadura.

Em solos argilosos, a drenagem deficiente e a maior coesão podem dificultar a emergência da planta, sendo realizada a deposição da semente menos profundamente. Em solos arenosos, que por serem menos coesos, mais leves e com umidade superior em profundidades maiores, a semeadura deve ser feita em maior profundidade.

No caso da semeadura em sistema convencional, a temperatura do solo costuma ser maior e a umidade menor, quando comparado com o Sistema de Plantio Direto (SPD), sendo mais difícil atingir as exigências para germinação.

Regulagem e manutenção da semeadora

A operação de semeadura é um dos fatores controláveis que poderão garantir a uniformidade na emergência e o estande ideal de plantas.

As sementes que serão utilizadas devem ser certificadas e ter como base a recomendação para a região.

O número de sementes por hectare, o espaçamento entre linhas e a população ideal para o estande desejado devem ser calculados por um agrônomo, que irá considerar a germinação e o vigor da semente escolhida, o que deve constar no planejamento do cultivo.

Realizar manutenções preventivas, checar o funcionamento e realizar a regulagem correta do implemento de semeadura reduzirá as chances de falhas ou problemas durante a operação, que poderão causar transtornos e atrasos na curta janela de tempo para a operação.

Antes da operação, é necessário verificar se a manutenção preventiva foi realizada, bem como as lubrificações, a verificação dos tubos condutores de sementes e adubos, a regulagem dos carrinhos e a checagem de pinos e contrapinos.

Mas não é apenas o implemento que deve receber atenção. O trator também deve ser bem dimensionado e ter a potência correta para o conjunto trator e implemento, os pneus devem estar calibrados e as lubrificações em dia.

Durante a semeadura, deve ser realizada a checagem se todos os sistemas do conjunto trator e implemento estão funcionando corretamente e a quantidade de sementes que estão sendo depositadas por metro, bem como a distribuição, a uniformidade e a profundidade.

Para a regulagem da semeadora, os carrinhos devem estar espaçados de acordo com a recomendação técnica; se necessário, ajustar a distância.

Após este ajuste, deve-se escolher os discos e anéis, para evitar falhas ou deposição de sementes duplas, e checar o sistema (roletes, gatilhos e molas). No caso das semeadoras pneumáticas, todo o sistema deve ser checado, principalmente se há vazamentos de ar.

A regulagem da profundidade deve ser feita em todos os carrinhos, checando-se se todos estão iguais. Outro fator importante é checar se todas as molas estão com a mesma pressão e em bom estado, para que não ocorram diferenças entre as linhas de plantio.

No caso de semeadoras para o plantio direto, a checagem fica para os discos de corte; se o desgaste for muito, deve ser trocado. A limpeza, a troca da graxa e o ajuste dos limpadores externos devem ser feitos quando necessário.

Impactos na produtividade

A condução da cultura e a produtividade têm grande dependência do estande adequado de plantas, pois a população acima ou abaixo do ideal pode provocar desde competição por água, luz e nutrientes até perdas devido ao baixo potencial produtivo da lavoura.

No caso da cultura da soja, a plasticidade compensa até um certo limite de falhas no estande, porém, mesmo assim, pode haver redução na produtividade. No milho as perdas são maiores, pois a cultura apresenta baixa capacidade de compensação de espaços, o que reduz a quantidade de espigas produzidas.

Quando há variação da profundidade durante a semeadura, algumas plantas poderão emergir antes que outras, o que pode provocar competição por água, luz e nutrientes, tornando-se um fator de redução da produtividade.

Em consequência dos diferentes momentos de emergência, as plantas poderão atingir diferentes estágios de desenvolvimento, e as demais operações como adubação de cobertura ou aplicação de maturador podem ocorrer no momento inadequado.

Considerações finais

Para obter boa produtividade, a operação de semeadura deve ser realizada com atenção, e o planejamento é fundamental para que tudo ocorra da melhor forma possível. As manutenções das máquinas e implementos devem ser realizadas periodicamente, para evitar maiores problemas.

Deve-se atentar para as recomendações agronômicas e executá-las da melhor forma possível. Vale ressaltar que dependerá desde o tipo de solo até a cultura que será cultivada a profundidade ideal de deposição da semente; com isso, é importante que um agrônomo especializado seja consultado.

Referências

ARNOLD BARBOSA DE OLIVEIRA. Soja: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília: Embrapa, 2019.

GARCIA, Antonio. Instalação da lavoura de soja: época, cultivares, espaçamento e população de plantas. Londrina: Embrapa, 2007.

MANTOVANI, Evandro Chartuni. Cultivo do milho. 9. ed. Brasília: Embrapa Milho e Sorgo, 2015.

RIBAS, Paulo Motta. Cultivo do sorgo. Brasília: Embrapa Milho e Sorgo, 2008.

SILVA, Rouverson Pereira da et al. Efeito da profundidade de semeadura e de rodas compactadoras submetidas a cargas verticais na temperatura e no teor de água do solo durante a germinação de sementes de milho. Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 3, p. 929-937, jun. 2008. FapUNIFESP (SciELO).

SOUZA, Paulo Henrique Nascimento de. Efeito da profundidade de semeadura na emergência e distribuiçâo longitudinal do milho (Zea mays) em sistema de plantio direto. Dourados: Embrapa, 2013.