Emprego de boas práticas agronômicas reduz custos, aumenta produtividade e contribui para conservação do meio ambiente
Os agricultores enfrentam constantes desafios no seu dia a dia e por isso buscam lançar mão de técnicas e tecnologias que tragam soluções eficientes para diminuir custos, aumentar a produção e minimizar os impactos ao meio ambiente. O sistema de plantio direto é um exemplo de manejo do solo que proporciona estes resultados quando bem aplicado. Entre seus princípios básicos, estão ausência ou mínimo revolvimento do solo, cobertura com palhada e rotação de culturas.
Segundo Marcos Aurélio Carolino de Sá, engenheiro agrônomo e pesquisador em manejo e conservação do solo e da água da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), existe diferença entre os conceitos de plantio direto e sistema de plantio direto. O primeiro pode ser definido como o ato de implantar uma cultura sem o preparo prévio do solo, como aração e gradagem, depositando sementes e fertilizantes em sulcos abertos pela semeadora sob a palhada da cultura anterior. “Já o conceito de sistema de plantio direto é mais amplo, pois envolve o emprego de boas práticas agronômicas, como a rotação de culturas, para quebrar o ciclo de pragas e doenças e fornecer palha em quantidade e qualidade”, explica.
O sistema de plantio direto dispensa o preparo prévio do solo com arados e grades, mas envolve outros processos, como:
LEIA TAMBÉM: Manejo integrado de pragas (MIP) em rotação de culturas
Marcos ressalta que, quando o sistema de plantio direto é bem implantado e conduzido, é possível manter e melhorar a qualidade e a saúde do solo, o que contribui para uma agricultura produtiva, estável e sustentável. Entre os principais benefícios dessa boa prática, o agrônomo destaca as melhorias na conservação do solo e da água. Como não há necessidade de preparar previamente o solo com grades e arados, a exposição à erosão e a perda de matéria orgânica são reduzidas. “Com aumento de eficiência e produtividade dos sistemas de produção, ocorre a diminuição da necessidade de desmatamentos e expansão da área agrícola, o que colabora para a preservação do meio ambiente. Efeitos fantásticos têm sido observados quando se une o sistema de plantio direto a sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária, apenas pela inserção da braquiária ou de outras plantas forrageiras no sistema de produção. Essas plantas possibilitam boa cobertura de solo e grande aporte de resíduos, seja na forma de palha ou de raízes, aumentando a matéria orgânica do solo e melhorando sua estrutura, porosidade e permeabilidade”, esclarece.
Adotar o sistema de plantio direto traz vantagens financeiras ao produtor, pois reduz os custos ao eliminar etapas de preparo do solo e aumentar a janela de plantio, possibilitando assim a prática, em muitas regiões, de uma segunda safra. A rotação de culturas, que é um dos preceitos do sistema, ainda permite a diversificação da renda do agricultor. “Além de aumentar o aporte de palha e a produtividade, significa mais ganho para o produtor. Embora no Brasil seja um sistema de manejo do solo consolidado em sistemas de produção de grãos, atualmente pode ser utilizado em cana-de-açúcar, algumas hortaliças e alguns sistemas de reflorestamento. "É um sistema que traz mais competitividade para o agronegócio, porém a sua sustentabilidade e maiores benefícios dependem de que a adoção do sistema ocorra na prática, ou seja, com a produção de palha e o uso da rotação de culturas”, conclui o engenheiro agrônomo.