A cultura da soja na Região Central do Brasil expressa alto potencial produtivo, com variados ciclos e expressivo banco genético. A busca incessante por novos patamares de produtividade – o que o mercado espera – é um fator importante para a rentabilidade anual do produtor de soja. O manejo do solo, tratos culturais e fitossanitários também contribuem para a garantia dessa rentabilidade.
Recentes pesquisas buscam identificar a causa principal da podridão das vagens de soja, que pode estar relacionada com fatores climáticos, nutricionais e fisiológicos. Os pesquisadores e fitopatologistas chegaram a um consenso sobre a presença de diversos fungos e bactérias nas amostras coletadas. Entre esses organismos, o Phomopsis se destaca como o único recorrente em todas as amostras analisadas.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes – 1) Doenças na planta; 2) Doenças na planta.
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A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, é uma doença latente na planta desde a semente e pode causar seríssimos danos à cultura, pois ataca diretamente o grão e causa o apodrecimento. Na Safra 2022/23, a doença foi elevada a um patamar nunca visto, pois praticamente em todas as lavouras de soja a severidade foi alta. O clima chuvoso durante o pré-florescimento, os intervalos de aplicação estendidos e a baixa eficácia dos compostos químicos com a finalidade de controlar o patógeno contribuíram para a epidemia de antracnose nas lavouras na Região Central do país. Entretanto, algumas variáveis como o tratamento de sementes e a aplicação no vegetativo mostraram ser um bom caminho para o enfrentamento deste potencial problema.
O clima neste ciclo foi satisfatório para a infecção, colonização e esporulação do patógeno. É importante ressaltar que a doença Antracnose sempre esteve presente nas lavouras de soja.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes – 1) Acérvulos do fungo da antracnose, Safra 2022/23 – Região do Parecis/MT; 2) Vagem atacada pelo fungo da Antracnose, Safra 2022/23 – Região do Parecis/MT.
Foto: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes – Vagem atacada pelo fungo da antracnose, Safra 2022/23 – Região do Parecis/MT.
Portanto, o excesso de chuva no final do período reprodutivo, a baixa luminosidade e a relação er nutricional da área podem compor um perfil investigativo aprofundado para as próximas safras, garantindo a evidência científica desejada.
A antracnose e a podridão das vagens causada por diversos patógenos têm relação direta, sendo que nessa safra foi notada em diversos ensaios regionais e pela maioria dos pesquisadores.
Cabe aos produtores ajustar o manejo fitopatológico da cultura e o plantio de cultivares de ciclo mais curto, adequando à janela recomendada pelos detentores.
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Não há estudos científicos conclusivos que comprovem a causa principal dessa anomalia. Contudo, podemos elencar alguns fatores que contribuem para a severidade, conforme observações no campo, como cultivares de hábito de crescimento indeterminado, plantio mais adensado e manejo fúngico deficitário para o ciclo.
Esses fungos normalmente estão presentes de forma latente nos tecidos da soja, podendo ser obtidos de diversas partes da planta e em diferentes estádios fenológicos. A sua proliferação, causando o apodrecimento dos tecidos antes da maturação, muito provavelmente é dependente das condições de ambiente favorável, da susceptibilidade da cultivar e de estresses abióticos.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes – Grãos avariados Safra 2022/23.
A semente, após sua formação, passa por vários processos, sendo o mais importante a maturidade fisiológica. A embriogênese, as fases I e II (divisão e expansão celular), a fase III (acúmulo de reservas) e a fase IV (desidratação), quando a semente completa o acúmulo de matéria seca, levam um período que pode superar os 35-50 dias, e a semente está sujeita a vários intempéries climáticos e ataque de patógenos.
Estas fases distintas também culminam com a produção de hormônios essenciais para a planta, dentre eles a citocinina, a giberelina (GA), a auxina (AIA) e o ácido abscísico (ABA), que impede a viviparidade, germinação do grão dentro da vagem.
Nos últimos anos, em algumas regiões do Mato Grosso, em especial as com maior incidência de apodrecimento de grãos (eixo da BR-163), ficou evidente a baixa luminosidade ou longos períodos de chuva, principalmente na Safra 21/22. Estes fatores são determinantes para a planta iniciar o processo de maturação fisiológica, mesmo sendo a soja uma planta de dias curtos. O primeiro hormônio a desencadear reações na planta é o etileno (hormônio do envelhecimento), responsável pelo “encerramento do ciclo da soja”. Vale ressaltar que este hormônio é um dos precursores dos demais citados e está diretamente ligado à fase final do ciclo da soja.
A abertura de vagens em outro momento ocorre por fatores abióticos, como excesso de chuva, e característica da cultivar. Contudo, é ponto de corte no desenvolvimento de linhagens as que tenham essa anomalia.
Importante lembrar que o processo de germinação do grão só se inicia com a entrada da água no sistema, rompendo as enzimas de degradação das reservas por meio das hidrolases, ou conforme citado anteriormente.
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Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes – 1) Abertura de vagens Safra 2022/23; 2) Vagem normal Safra 2022/23.
Foi constatado que os grãos dentro das vagens deterioradas apresentavam índices de enrugamento, resultado da exposição das plantas às condições de oscilação de temperaturas durante a fase de enchimento de grãos. Esse enrugamento normalmente é mais intenso sob déficit hídrico, mas pode também ocorrer em condições normais de disponibilidade hídrica. O enrugamento afeta drasticamente a qualidade dos grãos e das sementes. Além disso, propicia a infecção secundária por doenças dos grãos (Phomopsis spp.), o que pode propiciar o apodrecimento das vagens, principalmente em situações de ocorrência de chuvas frequentes em pré-colheita.