As estimativas de produtividade são importantes para o planejamento da logística, armazenamento e cálculo do lucro previsto para a colheita
Uma forma de melhorar a lucratividade da atividade agrícola é ficar de olho nos custos de produção e na produtividade de cada área da fazenda. Na cultura do milho, uma das estratégias utilizadas é o cálculo da estimativa da produtividade da safra, que é vital para a manutenção do sistema produtivo.
O cálculo da produção de milho por hectare faz com que o agricultor tenha uma noção mais aproximada de qual será o rendimento previsto para sua lavoura. Isso vai ajudá-lo a definir por qual preço compensa vender sua produção e assim ter maior poder de negociação. Ele poderá planejar a estratégia de comercialização da produção e até mesmo uma venda antecipada de grãos.
A estimativa da produtividade de milho também vai mostrar se o desempenho produtivo está de acordo com o planejado e ajudar o produtor a pensar em novas estratégias e investimentos para aumentar o rendimento na próxima safra.
Segundo o líder de portfólio de sementes de milho da Corteva Agriscience, Jerson Grieco Moreira, a estimativa de produtividade da lavoura na cultura do milho é essencial para o produtor planejar a colheita, armazenamento e comercialização da produção.
Ele ressalta que, por se tratar de uma estimativa, há desafios para sua execução. “Um dos principais fatores a se considerar é o número de amostras a serem avaliadas e a precisão dessa coleta. Uma estimativa mais precisa da população de plantas por hectare e quantidade de grãos produzidos por planta é crítica. Deve-se considerar a uniformidade da lavoura no talhão e segmentar mais as amostras quando houver mais variação da cultura entre áreas”, afirma.
Ao saber o custo de produção de milho por hectare na sua propriedade, o agricultor pode se preparar melhor para a colheita da safra, seja otimizando o trabalho das máquinas ou em questões relacionadas ao armazenamento, transporte e logística.
Moreira explica que o custo de produção de cada saco de grãos de milho é dado pelo valor total que o produtor investiu na área dividido pelo número de sacos produzidos. “Essa é a informação básica que o produtor precisa para saber o valor necessário para cobrir o custo de produção durante uma negociação da safra. Portanto, quanto maior a precisão dessas duas informações, mais acurada será a base para uma melhor comercialização dos grãos produzidos na safra.”
Existem diferentes métodos para saber qual será a produtividade da sua lavoura antes do momento da colheita. Todos são baseados em amostras representativas da lavoura e o produtor deve escolher qual melhor se adapta à sua necessidade e objetivos. Confira abaixo os métodos mais utilizados.
É o método mais simples e objetivo. Para calcular, siga os passos abaixo.
4. Calcule a produtividade da lavoura. Para isso, multiplique o peso médio de grãos da espiga pelo número total de plantas por hectare. Assim, você descobre o quanto sua lavoura vai produzir por hectare. Para saber a produção total média daquela área, é só multiplicar este valor pelo número de hectares da propriedade.
Exemplo:
Peso de grãos média das espigas = 180 g
Plantas por hectare = 60.000
Produção por hectare = 0,180 x 60.000
Produção por hectare = 10.800 kg/ha
Como a comercialização é feita com grãos que estão mais próximos de 13% de umidade, se estiver muito maior que isso será necessário descontar a umidade.
Um método bem simples e pouco conhecido no Brasil é o que foi desenvolvido na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Siga os passos abaixo para calcular.
1. Conte o número de espigas em uma área delimitada de 4 m². Para saber qual o comprimento da linha de semeadura que é necessário para alcançar 4 m², confira na tabela abaixo.
| Espaçamento entre linhas | Comprimento para obter 4 m² |
| 50 cm | 8,0 m |
| 60 cm | 6,6 m |
| 70 cm | 5,7 m |
| 80 cm | 5,0 m |
| 90 cm | 4,4 m |
| 100 cm | 4,0 m |
2. Selecione três espigas desta mesma área. Conte as fileiras de grãos e o número de grãos por fileira de cada uma delas. Não considere os grãos da extremidade que sejam menores que a metade de um grão normal.
3. Calcule a média de produção estimada para cada uma das espigas, com a seguinte fórmula:
(n. de espigas em 4 m²) x (n. de fileiras de grãos) x (n. de grãos por fileira) x 0, 70 (fator fixo da fórmula) = produtividade (em kg/ha, com 15,5% de umidade)
4. Repita as etapas em vários pontos do talhão e calcule a média dos resultados para estimar a produtividade final da área. Quanto mais pontos, mais confiável a estimativa.
O método recomendado pela Emater-MG é aplicado em diversas propriedades agrícolas participantes do concurso anual de produtividade de milho do estado. Para fazer o cálculo é preciso ter em mãos as seguintes informações: umidade, peso médio dos grãos, espaçamento entre linhas e o número médio de espigas obtidas em várias amostragens.
Escolha um ponto representativo da área de 10 metros de uma linha e conte as espigas presentes.
Escolha três espigas da área selecionada, debulhe, pese os grãos e calcule a média de peso das três espigas.
Calcule a produtividade estimada de milho por hectare com a fórmula:
produtividade (por tonelada/ha a 15,5% de umidade) = [(NE x P)/EM]/100
NE: Número médio de espigas em 10 metros lineares
P: Peso médio de grãos por espiga
EM: Espaçamento entre linhas do talhão
Ao fazer o cálculo, é importante considerar que a produtividade de milho por hectare pode ser influenciada por diferentes fatores, como a qualidade dos grãos plantados, as condições meteorológicas e o nível tecnológico adotado na lavoura. O rendimento da planta também pode ser comprometido pela falta de umidade, altas ou baixas temperaturas, estresse por pragas e doenças.
Por outro lado, os resultados também podem ser melhores se o produtor seguir todas as recomendações de manejo, como adubação e irrigação adequada, controle de ervas daninhas e pragas, época de semeadura correta, espaçamento, população adequada, além de investir em híbridos com uma excelente genética e adequados a cada região.
As estimativas de produtividade do milho são muito úteis para os ensaios de híbridos, seja para testar a variabilidade genética da produção, seja para avaliar diferentes estratégias de manejo e de produção em áreas iguais ou diferentes de cultivo.
