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O crescimento das usinas de etanol no Brasil e o papel do sorgo na nova fronteira da bioenergia

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O Brasil tem hoje cerca de 20 usinas dedicadas exclusivamente ao etanol de milho e o número deve ultrapassar 30 unidades nos próximos dois anos.

A assinatura do acordo comercial entre Brasil e China para exportação de etanol representa um marco estratégico para o setor de bioenergia. Com a China buscando diversificar suas fontes de energia limpa e o Brasil ampliando sua capacidade de produção, esse movimento abre uma nova janela de oportunidades para o mercado nacional, especialmente para o sorgo, cultura que vem ganhando espaço como alternativa viável e eficiente na produção de etanol.

De um lado, temos a demanda crescente por biocombustíveis no cenário internacional. De outro, o potencial produtivo brasileiro, que vem sendo ampliado com investimentos em infraestrutura, inovação genética e expansão territorial das usinas. A convergência desses fatores fortalece a posição do Brasil como player global na produção de etanol de segunda geração e coloca o sorgo como protagonista de uma nova fase.

Historicamente conhecido por sua rusticidade, o sorgo tem se mostrado uma cultura estratégica para a bioenergia. Com produção de 4,0 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Conab e IBGE, a planta apresenta alta concentração de açúcares solúveis em seu colmo, característica essencial para maximizar a produção de etanol por área cultivada. A previsão para 2025 é de uma produtividade que pode alcançar entre 4 e 6 toneladas por hectare em 2025, dependendo do híbrido e das condições de manejo, de acordo com a Embrapa.

Outro diferencial do sorgo é sua adaptabilidade. Ele exige menos água que outras culturas energéticas e se desenvolve bem em regiões com veranicos frequentes, o que amplia a possibilidade de sua inserção em sistemas agrícolas diversificados e resilientes, algo fundamental diante dos cenários de mudança climática e instabilidade hídrica.

A expansão das usinas no Brasil

A expansão das usinas de etanol à base de milho e sorgo no Brasil é um movimento em ritmo acelerado, impulsionado pelo aumento da demanda interna e externa, e por políticas de estímulo à bioenergia.

Segundo a UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o país conta hoje com cerca de 20 usinas dedicadas exclusivamente ao etanol de milho, número que deverá ultrapassar 30 unidades nos próximos dois anos. A maioria dessas plantas está localizada na região Centro-Oeste - especialmente em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul - onde há maior disponibilidade de grãos e logística favorável. Também há plantas em São Paulo e Paraná.

Essa transformação do parque fabril vem acompanhada de modelos de operação mais versáteis e eficientes. As usinas hoje se dividem em três formatos principais: as exclusivas de milho, que operam sazonalmente; as usinas flex, que ajustam sua moagem para funcionar também na entressafra da cana; e as chamadas flex full, que trabalham o ano inteiro com diferentes matérias-primas, como cana, milho e sorgo. Essa flexibilidade é estratégica para o setor, pois permite o uso contínuo da estrutura industrial, reduz custos operacionais e garante abastecimento regular ao mercado, mesmo em períodos de entressafra.

Além do Centro-Oeste, o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) começa a despontar como nova fronteira de produção, atraindo investimentos em unidades flex e em novas áreas de cultivo de sorgo para bioenergia. A combinação entre clima favorável, oferta de área e incentivos regionais tem sido decisiva para esse avanço.

E a tendência é de expansão: segundo projeções do Itaú BBA, pelo menos 22 novos projetos estão em andamento, entre novas usinas e ampliações de capacidade, somando mais de 5 bilhões de litros adicionais de etanol por ano.

Apesar de ser novidade no Brasil, a produção de etanol a partir do sorgo já começa a se consolidar como uma estratégia promissora dentro das usinas que buscam diversificar suas matérias-primas e garantir produção contínua ao longo do ano. Um dos principais exemplos é a Cooperativa Pindorama, em Alagoas, que iniciou a moagem de sorgo em 2023 durante a entressafra da cana-de-açúcar. Somando o processamento de sorgo e milho, a usina produziu mais de 15 milhões de litros de etanol em poucos meses, mostrando o potencial da cultura como alternativa viável para manter a planta operando fora do calendário tradicional da cana.

Outro grande nome que está apostando no sorgo como fonte de energia renovável é a Inpasa, uma das maiores produtoras de etanol de milho do Brasil. A empresa está em processo de adaptação de duas novas usinas - uma em Sidrolândia (MS) e outra em Balsas (MA) - para viabilizar o processamento de sorgo. Juntas, essas unidades devem alcançar uma capacidade superior a 1,2 bilhão de litros de etanol por ano, já dentro de um modelo de operação flex full, que permite alternar a matéria-prima conforme a disponibilidade e a estratégia de produção. Esse tipo de estrutura, inclusive, reforça a eficiência industrial, reduz a ociosidade e aproveita melhor os recursos disponíveis no campo.

Com esse avanço, o setor de bioenergia começa a desenhar uma nova geografia de produção. No Vale do Araguaia - região do MT que compreende alguns municípios, entre eles Canarana, Porto Alegre do Norte e Querencia -, por exemplo, estão em processo instalação três novas usinas de etanol de milho: da Agrícola Alvorada, 3Tentos e FS Bioenergia.

Essas novas usinas, além das já mencionadas em Alagoas, Mato Grosso do Sul e Maranhão, posicionam o sorgo como protagonista em regiões estratégicas, especialmente onde a entressafra da cana é mais severa ou onde há desafios hídricos. Ao mesmo tempo, cresce o número de projetos e parcerias com centros de pesquisa, como a Embrapa, que vêm ajudando a validar a viabilidade técnica e econômica do sorgo para etanol.

Potencial exportador do Brasil

Com essa infraestrutura em expansão e o suporte de acordos comerciais como o firmado com a China, o Brasil se consolida como um dos grandes exportadores de etanol. O crescimento do setor não apenas fortalece a economia nacional, como também projeta o país como liderança no fornecimento de energias renováveis em escala global.

O uso do sorgo como matéria-prima, especialmente nas safras de entressafra da cana, garante continuidade produtiva nas usinas, reduz a ociosidade e amplia o potencial de exportação em meses estratégicos.

Nesse cenário promissor, os híbridos de sorgo da Brevant® Sementes se destacam por sua alta produtividade, excelente resistência à seca e perfil energético ideal para a produção de etanol. Desenvolvidos com foco em eficiência e adaptabilidade, eles entregam resultados consistentes mesmo em ambientes desafiadores, uma combinação perfeita para abastecer as usinas que surgem em ritmo acelerado no Brasil.

Oferecendo genética de ponta e suporte técnico ao produtor, a Brevant® Sementes se posiciona como aliada estratégica no avanço da bioenergia, contribuindo diretamente para um futuro mais sustentável e produtivo.