La Niña: entenda como a possível volta do fenômeno climático impacta sua lavoura
Com o aumento das chances da volta da La Niña, ainda este ano, o produtor precisa se preparar para evitar perdas no campo.
Com o aumento das chances da volta da La Niña, ainda este ano, o produtor precisa se preparar para evitar perdas no campo.
O clima é, sem dúvidas, um dos fatores que mais influenciam o sucesso das lavouras e, consequentemente, a rentabilidade da produção agrícola. Nos últimos anos, o Brasil já sentiu os efeitos de diferentes fases do ENSO (El Niño - Southern Oscillation), que regula as variações de temperatura do Oceano Pacífico e afeta diretamente a circulação atmosférica e o regime pluvial no mundo todo. Chuvas fora de época e temperaturas mais amenas causaram diferentes efeitos no desenvolvimento das culturas.
Depois de um ciclo prolongado de El Niño e de, nos últimos anos, o Brasil viver os efeitos da La Niña, com alterações significativas no volume de chuvas, o que impactou diretamente no campo, estamos desde março de 2025 em uma fase de neutralidade climática. Esse estado ocorre quando não há resfriamento nem aquecimento significativos das águas do Pacífico, e embora pareça um período mais estável, ele traz incertezas.
É importante destacar que o estado atual de neutralidade do ENSO apresenta riscos, já que sem as anomalias claras do El Niño ou da La Niña, a previsão do tempo se torna mais desafiadora. Nesse cenário, podem ocorrer chuvas mal distribuídas, com períodos curtos de precipitação intensa seguidos por estiagens inesperadas; oscilações bruscas de temperatura, que impactam o florescimento e o enchimento de grãos; além de instabilidade climática regional, com áreas vizinhas enfrentando condições muito distintas. Para o produtor, a neutralidade exige atenção constante aos boletins meteorológicos e flexibilidade no manejo, já que as condições podem mudar rapidamente.
O período de neutralidade, porém, não deve durar muito tempo. Agora, cresce a atenção para a possível volta da La Niña ainda este ano. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontou grandes chances do fenômeno La Niña se instalar até o fim do ano, e alertou que as temperaturas continuarão elevadas mesmo com a influência do resfriamento no Pacífico.
Num boletim divulgado recentemente, a agência da ONU estima que entre setembro e novembro essa chance é um pouco menor, de 55%. Já para o trimestre seguinte, de outubro a dezembro, a probabilidade sobe para 60%. Mesmo com o resfriamento do oceano, a agência alerta que as temperaturas globais continuarão acima da média, reflexo do aquecimento climático de longo prazo. Para o produtor, compreender essas oscilações e se preparar para seus efeitos é fundamental na tomada de decisões estratégicas para o milho.
Mas afinal, o que é a La Niña?
O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. Esse resfriamento altera a circulação atmosférica global e costuma trazer efeitos específicos ao Brasil:
• Chuvas mais intensas na metade norte do país, especialmente em Roraima, Amapá, norte do Pará, Amazonas e Maranhão, podendo gerar encharcamento de solo e até alagamentos.
• Irregularidade nas chuvas no Sul, o que pode prejudicar culturas como o milho, ainda que sem repetir a seca histórica registrada entre 2019 e 2023, durante um episódio prolongado.
• Incursões de ar frio no Sudeste, trazendo semanas mais frias em plena primavera (outubro e novembro), o que pode provocar temperaturas abaixo do esperado para a época, com incursões de ar polar em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo a Climatempo, a expectativa é que, caso se confirme, a La Niña de 2025 seja de fraca intensidade e curta duração. Ainda assim, seus impactos exigem planejamento.
Impactos da La Niña e do calor extremo no milho
A possível volta da La Niña traz alguns efeitos previsíveis para as diferentes regiões do Brasil:
1. Regiões Norte e Nordeste
O excesso de chuva pode comprometer o plantio, gerar encharcamento e favorecer o surgimento de doenças fúngicas. Além disso, a dificuldade de acesso ao campo pode atrasar operações agrícolas. Existe ainda a possibilidade de encurtamento da janela de plantio do milho, já que o atraso da colheita de soja pode diminuir o tempo de uma parte das janelas de abertura do milho safrinha, principalmente em regiões de fronteira onde o operacional não é tão robusto.
2. Região Sul
A irregularidade das chuvas pode reduzir a umidade do solo em fases críticas da lavoura, impactando a germinação e o enchimento de grãos. Alternância entre estiagens e pancadas fortes também aumenta o risco de erosão.
3. Região Sudeste
Ondas de frio fora de época em outubro e novembro podem atrasar o desenvolvimento da cultura, enquanto picos de calor elevam a evapotranspiração e aumentam o estresse hídrico.
Mesmo em cenários de La Niña, o aquecimento global mantém temperaturas acima da média, mesmo sob resfriamento do Pacífico. Para o milho, isso significa um maior risco de abortamento de flores e espigas menores em fases de calor intenso; redução no peso dos grãos, causada pela aceleração do ciclo da planta sob altas temperaturas; e pressão maior de pragas, já que insetos tendem a se proliferar mais em ambientes quentes.
Como se prevenir: dicas práticas para o produtor de milho
Diante de tanta variabilidade, algumas práticas ajudam a proporcionar maior estabilidade e produtividade:
1. Escolha de híbridos adaptados
Optar por sementes com genética robusta, tolerância ao estresse e boa estabilidade produtiva é uma das decisões mais importantes em cenários de incerteza climática. O portfólio da Brevant® Sementes conta com híbridos desenvolvidos para alto desempenho em condições adversas, com excelente arquitetura de planta, sanidade e sistema radicular vigoroso.
2. Manejo do solo
Práticas como plantio direto, cobertura vegetal e rotação de culturas ajudam a manter a umidade e a temperatura do solo mais estáveis, reduzindo os impactos de eventos climáticos extremos, como veranicos ou chuvas torrenciais. Para um manejo de solo que retenha umidade, controle a temperatura e ajude a evitar erosão, você pode fazer uso de matéria orgânica, cobertura vegetal e rotação com adubação verde.
3. Ajuste do calendário de plantio
O acompanhamento de alertas meteorológicos e índices climáticos é importante para ajustar o momento de semear ou apostar na segunda safra. Os boletins da NOAA, da OMM e dos institutos meteorológicos nacionais podem ajudar na orientação sobre o melhor momento para o plantio. É importante estabelecer cenários de plantio alternativos e usar as informações de previsões meteorológicas para semear em períodos mais seguros e evitar que fases críticas como florescimento coincidam com os meses de maior risco de estiagem ou frio intenso.
4. Irrigação e escalonamento
Onde possível, o uso de irrigação suplementar é uma alternativa eficiente para promover o sucesso da lavoura em períodos de estiagem, épocas críticas do florescimento e enchimento dos grãos. Em áreas não irrigadas, priorize práticas de conservação do solo como terraceamento e faixas de cobertura para reduzir evaporação. Já o escalonamento do plantio reduz o risco de perdas totais em caso de eventos extremos localizados.
5. Monitoramento e tecnologia no campo
O uso de ferramentas de agricultura de precisão, como sensores climáticos, estações meteorológicas próprias e mapas de variabilidade, permite decisões mais rápidas e acertadas. Também é essencial manter o acompanhamento de doenças e pragas, que podem se manifestar com maior intensidade em anos de La Niña
6. Medidas contra calor extremo:
Escalonar o plantio para reduzir a exposição simultânea da lavoura a ondas de calor é fundamental nos dias de hoje. Investir em irrigação suplementar, onde for possível, e em conservação de água no solo, como terraceamento e uso de cobertura morta e monitorar pragas de forma mais intensa, já que altas temperaturas aceleram ciclos reprodutivos de insetos, também são práticas que ajudam a manter a sanidade da sua lavoura
7. Tratamento de sementes
Tecnologias como o TSI Brevant® contribuem com uma proteção inicial mais eficiente, oferecendo maior confiabilidade ao plantio em períodos de instabilidade climática. Além disso, o uso de biológicos e inseticidas adequados protege a lavoura desde o seu início, o que ajuda bastante no enfrentamento de crises climáticas.
Informação e parceria fazem a diferença
O retorno da La Niña, mesmo de forma mais amena, somado à persistência do calor extremo, reforça a importância de planejamento e resiliência no campo. Monitorar previsões, adotar práticas conservacionistas e investir em tecnologia são passos decisivos para proteger a lavoura.
A Brevant® Sementes se mantém ao lado do produtor, oferecendo não apenas sementes de milho com genética superior, mas também apoio técnico, conhecimento e soluções integradas. Com informação e parceria, você produz mais, com menos riscos, mesmo diante das mudanças climáticas.