Blog •  22/12/2022

Milho e soja: impactos dos estoques finais e expectativas para o mercado em 2022/23

Eduardo Abe, zootecnista. 
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Campo de soja em ótimas condições de desenvolvimento vegetativo.

Situação dos estoques finais de soja e milho

O clima pesou na produção de soja e milho em importantes produtores (Brasil, Estados Unidos, Argentina) nas últimas safras. Na Safra 2021/22, mais uma vez, o clima impactou a produção, com destaque à América do Sul.

Com a quebra na produção em importantes mercados e a demanda firme, os estoques finais no mundo caíram. Acompanhe, nas figuras 1 e 2, os estoques finais de soja e milho no mundo.

Figura 1. Estoques finais de soja, em milhões de toneladas, no mundo.

*estimativa

Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria 

Figura 2. Estoques finais de milho, em milhões de toneladas, no mundo.

*estimativa

Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria

Os estoques finais garantem a oferta até a entrada da próxima safra e, quanto menores suas estimativas, maior a pressão em relação aos preços da commodity no mercado internacional.

O estoque final de soja para a Safra 2022/23, em dezembro/22, foi estimado em 102,7 milhões de toneladas, 0,5% maior se comparado às estimativas de novembro/22, quando 102,1 milhões de toneladas eram estimadas.

Para o milho, em dezembro/22, o estoque final de milho global para a Safra 2022/23 foi estimado em 298,4 milhões de toneladas, 0,70% menor se comparado à estimativa de novembro/22, de 300,76 milhões de toneladas.

A Safra 2022/23 e o peso da recuperação dos estoques para a América do Sul

Nos Estados Unidos, principal produtor de milho e soja no mundo, o clima seco e quente em importantes regiões produtoras reduziu a expectativa de produção da Safra 2022/23, em fase de colheita no país atualmente.

Para o milho, a expectativa é que a safra seja de 354,2 milhões de toneladas, já para a soja, 119,5 milhões de toneladas, produções 7,7% e 1,3% menores se comparadas com a Safra 2021/22 no país.

Pelo lado do milho, além dos Estados Unidos, houve redução na expectativa de produção do grão na União Europeia, em função do clima, e para a Ucrânia, em função da guerra. Além disso, na China, o clima também poderá reduzir a expectativa de produção local.

Do lado da soja, a produção do Brasil e da Argentina praticamente abastece o mercado no primeiro semestre do ano.

A retomada nos estoques finais para a Safra Global 2022/23, iniciada no Brasil em julho, passa pela boa expectativa de produção nos países sul-americanos.

Se confirmadas as expectativas iniciais para a produção de milho e soja no país em 2022/23, os estoques deverão trabalhar mais confortáveis ao final da próxima safra, porém o clima e a possibilidade de quebra de produção novamente, conforme comentado em artigo anterior, está mais uma vez no radar do mercado.

Para onde vão os preços do milho e da soja na Safra 2022/23?

Hoje, o mercado está atento à colheita da safra norte-americana de soja e milho, em ritmo lento se comparado à Safra 2021/22, e ao plantio da safra brasileira de verão, em ritmo acelerado. Isso levando-se em conta apenas o aspecto da oferta, descartando a demanda e a potencial recessão adiante. O quadro de preços vai depender muito da situação das lavouras sul-americanas.

Se a boa safra esperada no Hemisfério Sul, tanto para o milho quanto para a soja, for confirmada, devemos ver preços menores para o ciclo 2022/23. Mas, ainda assim, historicamente elevados.

Caso o clima pese e a produção seja revisada negativamente, o quadro de oferta ajustada deverá dar sustentação às cotações e limitar um movimento baixista às cotações.

Ao analisarmos os preços futuros da soja para março/23, no fechamento de setembro/22, em Chicago, estes estavam cotados a US$13,90 por bushel. Considerando um dólar a R$ 5,00, estamos falando de R$ 154,00/saca durante a safra, abaixo da média de preços em 2021/22, mas acima da média de 2020/21.

No caso do milho, no mercado futuro (B3), os contratos com vencimentos para o primeiro trimestre de 2023, com a entressafra no país, menor produção e risco climático para a primeira safra no Brasil, apontam para preços firmes no país. Veja na figura 3.

Figura 3. Preços do milho na região de Campinas/SP no mercado físico (valores nominais) e mercado futuro, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete.

Fonte: B3 (19/12/22) / Elaborado por Scot Consultoria

A produção brasileira terá papel central na precificação no mercado de milho e soja na Safra 2022/23. E, mesmo se confirmada a produção recorde para o próximo ano, o quadro no mercado internacional deverá manter os preços dos grãos em patamares historicamente elevados ao produtor brasileiro.

Referências

Brasil, bolsa e balcão – B3

Chicago Board of Trade – CBOT

Companhia Nacional de Abastecimento – Conab

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA

Scot Consultoria