O milho é o cereal de maior relevância e está entre os mais importantes no combate à fome no mundo. A cultura do milho no Brasil ganhou contornos de excelência de produção dada a amplitude e a adaptação dos híbridos regionais. Sendo assim, esse cereal é plantado durante todos os meses do ano, seja para a produção de grãos ou produção de silagem para alimentação animal.
Nos últimos anos, com a pesquisa de produção e o melhoramento genético alcançando novos patamares de produtividade, conjuntos de pragas e doenças estão cada vez mais presentes no ambiente, a cigarrinha, o percevejo-barriga-verde, os pulgões, os nematoides e, com mais ênfase, as doenças foliares. Podemos destacar as doenças foliares em 3 etapas distintas: aquelas que aparecem durante todo o ciclo da cultura e em qualquer ambiente, as doenças de áreas de maior altitude e as doenças que surgem em áreas de menor altitude.
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Nos últimos anos, os produtores experimentaram uma nova modalidade de plantio, o espaçamento reduzido entre as linhas, e isso trouxe desafios ao melhoramento genético, visto que a maioria dos híbridos não se adaptaram. Nesse contexto de melhor aproveitamento do espaço entre plantas, o ambiente foi bastante favorável ao aparecimento de doenças, pois há menor interceptação luminosa no baixeiro das plantas, melhor conservação da umidade e ambiente propício para infecção, colonização e esporulação dos fungos. Portanto, há a necessidade de intervenção com a aplicação de defensivos com boa prática agronômica desde o ciclo inicial da cultura. Há expressivos ganhos de produtividade nessa modalidade.
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As doenças precisam de 3 (três) fatores centrais: ambiente, hospedeiro e a presença do patógeno (fungo), formando, assim, o triângulo da fitopatologia, bastante conhecido. A doença mais comum nas lavouras de milho do Brasil é a mancha-de-bipolaris (Bipolaris maydis). Essa doença aparece desde o V4 até o final do enchimento dos grãos. Ela deve ser monitorada, sendo necessário aplicar fungicidas no aparecimento dos primeiros sintomas, pois, em alta severidade, pode causar prejuízos de 10 a 20% da produção final. Nas fotos abaixo, da Safra 2022, é possível verificar níveis de severidade em diferentes híbridos.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes.
Outra importante doença que causa prejuízos incalculáveis é a diplodia de espiga causada pelo fungo Stenocarpella macrospora. Esse patógeno precisa de condições específicas, que são as melhores também para a produção de milho. São elas: alta umidade no enchimento de grãos, temperatura mais amena e dias nublados no pré-pendão. O manejo não é simplista, pois não há defensivos específicos com registro. A doença se inicia no colmo, evolui para as folhas e pedúnculo e, posteriormente, em condições adequadas, acomete a base da espiga. Além de causar redução da produtividade, também inviabiliza os grãos remanescentes, pois há a produção de micotoxinas nocivas aos animais.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes.
As ferrugens surgem como doenças que ganham importância, pois formam um complexo que também necessitam de condições de clima mais quente e seco, normalmente aparecem após o pendoamento da cultura. Esse grupo de patógenos não apresenta resistência genética, e os fungicidas controlam facilmente a ferrugem do milho quando os sintomas aparecem, ao contrário da ferrugem da soja.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes (Figura A: Puccinia polysora, Figura B: Physopella zeae, Figura C: Puccinia sorghi).
Outras doenças chamadas de manchas foliares, como o turcicum (Exserohilium turcicum), mancha-de-cercospora (Cercospora zeae-maydis) e mancha-de-phaeosphaeria (Phaeosphaeria maydis), são consideradas doenças de “terras altas”, tendo presença recorrente em condições de temperatura noturna mais fresca. Não há resistência genética para essas doenças e o manejo adequado evita perdas consideráveis. Estima-se perdas de 30 a 50% na produção dos grãos em híbridos de maior sensibilidade, pois os danos são diretos nos tecidos vegetais, que diminuem a fotossíntese da planta.
Fotos: Laurício Moraes – Agronomia Corteva Seeds – Brevant® Sementes (Figura A: E. turcicum, Figura B: C. zeae-maydis, Figura C: Phaeosphaeria maydis).
O conjunto de estratégias com o objetivo de controlar as principais doenças da cultura do milho passa pela escolha do híbrido a ser plantado, época de plantio e pacote tecnológico do produtor. O uso de fungicidas cresce exponencialmente à medida que os patamares de produtividade se elevam, pois não há “bônus sem ônus”.
A cultura do milho é altamente responsiva ao manejo cultural e ao fungicida. Além disso, tem como principal característica controlar a maioria dos patógenos da cultura, além de propiciar uma sensível melhora na respiração celular da planta. O uso de fungicidas garante a manutenção do potencial produtivo construído durante todo o ciclo da cultura e não há regras para o aparecimento das principais doenças. Entretanto, conhecer o ambiente de produção já garante boa chance de redução de perdas decorrentes das doenças. O uso de fungicidas e associações com multissítios é uma prática recomendável para o manejo de todas as doenças da cultura do milho.