O manejo biológico assegura lavoura mais produtiva, sustentável e com melhor gestão de custos
O Brasil deve ser um dos protagonistas mundiais no uso de bioinsumos nos próximos anos, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O país registra um crescimento de 28% ao ano no uso dos insumos biológicos, enquanto o percentual global é de 15%. Os dados são da consultoria Kynetec, que recentemente adquiriu o controle da Spark Inteligência Estratégica. Mais do que uma tendência, o uso de produtos biológicos para combater doenças e pragas que atacam as lavouras é um caminho sem volta na consolidação de uma agricultura cada vez mais sustentável.
O crescimento exponencial do mercado de bioinsumos também tem reflexos econômicos. Dados da Kynetec Brasil apontam que cerca de 130 empresas de bioinsumos no Brasil movimentaram aproximadamente BRL 1,7 bilhão (USD 330 milhões) na Safra 2020/2021. O país conta com mais de 530 produtos para o controle de pragas, sendo que dos aprovados recentemente pelo Mapa, 20 são bioinsumos de matriz biológica.
Futuro da agricultura global é indissociável do uso de bioinsumos.
Aumento da produtividade, redução de custos, promoção da sustentabilidade e controle de pragas e doenças são algumas das vantagens do uso do bioinsumos. André Dias, engenheiro agrônomo e diretor geral para a América Latina da Kynetec Brasil, afirma que os biológicos projetam o futuro da agricultura global. “Inovadores, modernos e eficazes no controle de pragas e doenças dos principais cultivos, transferem sustentabilidade e práticas ambientalmente aceitas ao manejo agrícola, com relação custo-benefício altamente favorável. Realizado o manejo agronomicamente eficaz com biológicos, viabiliza-se uma lavoura mais produtiva e sustentável com a racionalização de químicos e a melhor gestão de custos por parte dos produtores”, destaca.
André pontua que atualmente os produtores podem contar com soluções bioinseticidas, biofungicidas, bionematicidas, inoculantes, bioherbicidas e outros produtos capazes de atender a praticamente todos os cultivos, desde frutas, legumes e verduras até grãos. O engenheiro agrônomo explica que os biológicos não causam impactos ambientais relevantes, possibilitando a racionalização gradual do uso de químicos. Mais do que beneficiar os produtores, os bioinsumos também trazem vantagens para os consumidores – há expectativa no médio e longo prazo da produção de alimentos ainda mais seguros e sustentáveis.
A inovação e a tecnologia são essenciais no contexto do mercado de biológicos e a tendência é de que o investimento se intensifique safra após safra. André comenta que há uma verdadeira revolução tecnológica na área, como o desenvolvimento de bioinseticidas para o controle de pragas de alta complexidade com formulações feitas à base de baculovírus. “Outro exemplo se dá no desenvolvimento de produtos ancorados em ácaros predadores, vespas e diferentes agentes biológicos que possibilitam o manejo integrado de pragas (MIP), com eficácia e racionalização de custos. A tendência é a de que o MIP se fortaleça e se consolide no campo, pois trata-se de uma prática estratégica à produtividade e à rentabilidade. O produtor entregará safras mais seguras, sustentáveis e alimentos mais saudáveis. Biológicos são um caminho sem volta por diferentes motivos, entre estes as exigências do mercado consumidor global no tocante à agricultura sustentável”, acredita.
Segundo André, os desafios para a adoção ampla das soluções biológicas pelos produtores são contínuos e incluem o aprimoramento das tecnologias e a valorização do manejo com o biológico por parte dos produtores. “Análises das últimas safras mostram avanço contínuo, crescimento representativo e sustentado na adoção de biológicos, fatores que apontam claramente para a existência de um mercado atrativo às empresas que investem na inovação e para o produtor focado em tecnologia e sustentabilidade”, ressalta.
Quem tiver interesse em saber mais sobre o mercado de produtos biológicos, André recomenda o acesso ao acervo de dados da Kynetec Brasil, que fazem parte do estudo anual FarmTrak. A pesquisa apura, com elevado nível de acuracidade, a movimentação de insumos no agronegócio brasileiro.
Manejo biológico cresce no Brasil e no mundo e beneficia agricultores e consumidores com a produção de alimentos ainda mais seguros e sustentáveis.
Os bioinsumos são produtos usados na agricultura para melhorar a disponibilidade de nutrientes para as plantas, a fertilidade do solo e combater pragas e doenças. Produzidos a partir de microrganismos, materiais orgânicos, naturais ou vegetais, podem ser classificados em bioestimulantes, agentes biológicos de controle, biofertilizantes, inoculantes biológicos e condicionadores biológicos. Pela característica de serem biodegradáveis, os bioinsumos reduzem os impactos ambientais quando comparados aos agroquímicos comuns e contribuem para a agricultura sustentável. O termo ainda abrange, de acordo com o Mapa, processos e tecnologias, de origem vegetal, microbiana ou animal, adotados nos sistemas de produção agrícola, florestal, aquícola e pecuário e no armazenamento e beneficiamento de alimentos.
O Mapa criou o Programa Nacional de Bioinsumos para ampliar e fortalecer a utilização de bioinsumos para promoção do desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira. Além de auxiliar na implementação de boas práticas relacionadas à tecnologia e ao uso dos bioinsumos, o programa visa aprimorar a oferta de insumos biológicos, fomentar pesquisas sobre o manejo sustentável, acelerar a criação de normas reguladoras para empresas no setor e ainda oferecer suporte técnico.