Blog •  14/06/2022

Situação e expectativas para o milho e soja 2021/22

Escrito por Felipe Fabbri, zootecnista, me
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Situação e expectativas para o milho e soja 2021/22

O clima e a quebra de safra marcam a safra de verão 2021/22 brasileira

A safra brasileira de grãos 2020/21 foi marcada pelo clima.

Impactadas pelas chuvas aquém do ideal, a semeadura e colheita de soja atrasaram, estreitando a janela para plantio do milho de segunda safra. Em meio a esse cenário, com forte estiagem e déficit hídrico no desenvolvimento das lavouras de segunda safra no país, a produção sofreu forte quebra.

Findada a safra 2020/21, marcada pelo clima, a temporada 2021/22 começou com expectativas positivas. A semeadura da safra de verão trabalhou em bom ritmo entre setembro e outubro nas principais regiões produtoras. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até outubro, estimava uma safra recorde para o país, mas novamente o clima pesou.

Sob efeitos climáticos do fenômeno La Niña, a expectativa positiva para a produção, não só no Brasil, mas na América do Sul, tornou-se um ponto de atenção e incertezas, com revisões para baixo da produção.

Milho

Os preços do milho dispararam no mercado brasileiro em 2020 e 2021, e as expectativas iniciais apontavam para patamares ainda elevados em 2022, porém mais acomodados.

A safra de milho de verão 2021/22, inicialmente estimada em 28,3 milhões de toneladas, sofreu com o clima, e as expectativas iniciais foram reduzidas em 12,4% até junho, estimada atualmente em 24,8 milhões.

A cultura, em fase de colheita no país, perdeu produtividade, puxada pelas lavouras do Sul, região responsável por cerca de 35,0% da produção de primeira safra nacional.

No Paraná e no Rio Grande do Sul, a expectativa inicial apontava para produtividades, respectivamente, 16,0% e 30,5% maiores frente à safra 2020/21. Em junho, nessa mesma ordem, as produtividades estimadas são 17,5% e 33,9% menores que na safra passada.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas-SP, a referência em meio à quebra de safra chegou a R$ 101,50 por saca de 60 quilos (25/3/22), perdendo a força com o câmbio e avanço da colheita, sendo negociada em junho a R$ 88,00 por saca (9/6/22).

Apesar da quebra de produção na primeira safra, as expectativas seguem positivas para a segunda safra, em reta final de semeadura, com projeção estimada em 86,1 milhões de toneladas, expectativa 0,3% menor que o projetado inicialmente. 

Para a produção total brasileira, 115,2 milhões de toneladas estão estimadas, produção 0,9% abaixo das estimativas primárias. Veja na figura 1 a estimativa inicial e em junho/22 para as produções na primeira safra, segunda safra e produção total.

Figura 1. Expectativas iniciais (outubro/21) e atuais (junho/22) para a produção de milho, em milhões de toneladas.

Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

Soja

O clima também pesou sobre o desenvolvimento da cultura no Brasil. A safra brasileira 2021/22 foi estimada inicialmente em 140,7 milhões de toneladas, 2,5% acima da safra 2020/21 ̶ foi um recorde, e passou, mês a mês, por revisões para baixo pela Conab.

Em junho/22, praticamente findada a colheita, estima-se produção de 124,3 milhões de toneladas, 13,9 milhões abaixo da safra 2020/21 e 16,4 milhões de toneladas abaixo das expectativas iniciais para a safra 2021/22 no país, divulgadas em outubro 2021. Destaques para Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, cujas produtividades das lavouras foram severamente impactadas, veja na figura 2.

Figura 2. Variação das produtividades estaduais atualmente frente às estimativas iniciais.
Variação das produtividades estaduais atualmente frente às estimativas iniciais
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria

Além do nosso mercado, Argentina e Paraguai também foram severamente afetados.  Com produções severamente afetadas pelo clima, o cenário de menor produção na América do Sul deu firmeza às cotações.

Em Paranaguá-PR, a saca de soja de 60 quilos está cotada em R$195,00 (9/6), incremento de 13,4% no acumulado do ano. Cabe a ressalva que os preços da oleaginosa estão mais frouxos atualmente, puxados pela queda do dólar e avanço da safra, tendo em vista que, em outros períodos de safra, negócios a R$209,00/saca foram registrados.

Além do clima e quebra de safra, o câmbio e a demanda externa firmes também colaboraram com o cenário de sustentação dos preços.

Dessa forma, a expectativa é de mercado firme para a soja e o milho, com manutenção dos atuais patamares de preços no mercado brasileiro.

Felipe de Lima Junqueira Franco Fabbri, zootecnista, me.

Scot Consultoria