Rentabilidade da cultura do sorgo e expectativas para a Safra 2021/22
A expectativa é de resultados econômicos positivos, porém, com um achatamento do lucro final
A expectativa é de resultados econômicos positivos, porém, com um achatamento do lucro final
O sorgo apresenta boa opção de manejo agrícola para driblar adversidades e limitações de solo e clima, dada sua boa adaptação geográfica e maior rusticidade.
Seu plantio pode ser realizado entre outubro e novembro ou na segunda Safra, entre fevereiro e março, sendo uma opção ao plantio frente ao milho em regiões onde o perfil do solo não é favorável ao cultivo deste último.
Os tipos de sorgo mais conhecidos são: granífero, sacarino, forrageiro e vassoura. Todos eles apresentam porte baixo e produzem um cacho compacto de grãos.
Apresenta-se como uma excelente alternativa para a segunda Safra, tendo em vista a tolerância ao estresse hídrico, o menor custo de produção e a boa qualidade do produto ensilado.
O sorgo é capaz de explorar, de forma mais sustentável, as características agronômicas de locais diversos, sem gerar prejuízos à produção pecuária com qualidade nutricional considerável.
A variabilidade genética da cultura trouxe diferentes híbridos com diversas características agronômicas e valores nutritivos que, ao tratarmos de produção de silagem, promovem variações na produtividade e nos padrões de fermentação.
A silagem possui uma vantagem relacionada à conservação de seu sistema radicular após a colheita: caso ainda haja condições de umidade, temperatura e fertilidade do solo, a rebrota consegue produzir entre 40 e 50% de matéria seca comparada com o primeiro corte, reduzindo o custo de produção.
O interesse na sua cultura é crescente, principalmente como alternativa por sua rusticidade, caso haja atraso na colheita da Safra anterior.
Deve-se ressaltar a importância de conduzir a lavoura da mesma forma que se conduz uma lavoura de milho ou soja.
Como o sorgo apresenta maior rusticidade em sua genética, alguns produtores acabam deixando aquém a sua condução, não obtendo, a partir daí, bons resultados de produtividade.
A rentabilidade da produção de sorgo está atrelada a diversos fatores, destacando sua forte relação com o preço do milho.
A cultura do sorgo está estimada em 2,6 milhões de toneladas em 2021/22, distribuídas em 920,7 mil hectares de área plantada, com incrementos de 19,9% e 27,7% em área e produção, respectivamente, frente ao ciclo anterior.
Destaca-se, dentre os estados produtores, Goiás, cuja produção representa 43,9% da estimativa de produção nacional.
Em 2020/21, o estado produziu 907 mil toneladas e, para a temporada 2021/22, cuja semeadura está em andamento no país, a expectativa é que 1,17 milhão de toneladas sejam produzidas.
Em Rio Verde (GO), a última Safra da cultura (julho/21) apresentou rentabilidade bruta de R$ 1,86 mil/ha. O custo de produção do sorgo em julho de 2021 foi estimado em R$ 1,88 mil/ha (Conab).
A Safra de 2020/21 obteve produtividade média de 40 sacas/ha, uma receita média de R$ 2.625,00/ha e lucro médio de R$ 725,00/ha.
A produtividade para a Safra 2021/22 em Goiás está estimada em 51 sacas por hectare, acréscimo de 27,5% frente à Safra 2020/21, que teve sua produtividade impactada pelo clima.
Não há projeções oficiais de custos de produção para o sorgo até março/22, porém, em meio ao cenário de incremento nos custos de produção, a Scot Consultoria projeta um aumento entre 15 e 40% nos custos de produção frente ao custo total na Safra passada, mantendo a produtividade estimada atual.
Com relação ao preço, também segundo estimativa da Scot Consultoria, espera-se um preço médio de R$ 67,50/saca para a Safra do sorgo. Considerando uma relação de 75% com a cotação do milho e os preços futuros para o cereal, foi considerado o preço de R$ 90,00 por saca de milho.
Tabela 1. Projeção de incremento de custo e lucro (R$/ha) para a cultura do sorgo.
15% |
20% |
25% |
30% |
35% |
40% |
|
Custo total 2021/22 |
2.185,00 |
2.280,00 |
2.375,00 |
2.470,00 |
2.565,00 |
2.660,00 |
Produtividade |
51 |
51 |
51 |
51 |
51 |
51 |
Receita |
3.417,80 |
3.417,80 |
3.417,80 |
3.417,80 |
3.417,80 |
3.417,80 |
Lucro |
1.232,80 |
1.137,80 |
1.042,80 |
947,80 |
852,80 |
757,80 |
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
Simulando essa alta entre 15 e 40% para a Safra 2021/22, a expectativa é de resultados econômicos positivos, porém com um achatamento do lucro final.
Comparando o lucro obtido em 2020/21, há, no pior cenário (40%), uma expectativa de manutenção do lucro, sem grandes alterações em comparação à Safra passada, que apresentou lucro em torno de R$ 725,00/ha, decorrente da quebra de Safra que afetou a produtividade da cultura.
Hugo Mello – Analista de Mercado
Scot Consultoria