A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a Safra brasileira de grãos em 2022/23 deverá crescer 14,0%, atingindo 308,2 milhões de toneladas, impulsionada pela boa rentabilidade das culturas da soja, milho e algodão.
Para a soja, a expectativa é de que a produção atinja 150,3 milhões de toneladas, aumento de 21,2% em relação à produção em 2021/22 (que fora impactada pelo clima), puxado pela expectativa de recuperação da produtividade e aumento de 3,5% na área a ser semeada no país com a cultura, que deverá ocupar 42,4 milhões de hectares em 2022/23.
Para o milho, é esperada uma produção total (primeira, segunda e terceira Safra) de 125,5 milhões de toneladas, incremento de 9,4% em relação à Safra 2021/22. A expectativa é de que a produtividade melhore em relação às últimas Safras, com destaque à Safra de verão, também impactada no último ano.
Na primeira Safra, há projeção de uma leve queda de área, com variação negativa de 0,6%, uma vez que o cereal concorre com a soja. No entanto, com uma possível recuperação na produtividade, após a escassez hídrica em importantes regiões produtoras na temporada 2021/22, a produção pode chegar a 28,98 milhões de toneladas, incremento de 16,0% para a Safra 2022/23.
Já na segunda Safra do grão, é projetado um aumento tanto da área como da produtividade, o que pode resultar em uma colheita de 94,53 milhões de toneladas, aumento de 8,2% em relação à Safra 2021/22. Veja na tabela 1.
Tabela 1. Perspectivas iniciais para as principais culturas brasileiras para a Safra 2022/23.As expectativas para a Safra brasileira são positivas. Mas, em meio a um cenário de custos elevados que o produtor terá pela frente na Safra 2022/23, o cenário dá resultado?
Os custos de produção para a Safra 2022/23 subiram, em média, 65% em relação à Safra passada (Conab).
A seguir, apresentamos as estimativas de resultados econômicos para a soja em Mato Grosso e Goiás, e para a soja e milho primeira Safra no Paraná e Rio Grande do Sul, em 2020/21 (Safra passada), 2021/22 (Safra atual) e as expectativas para a próxima temporada (2022/23).
Para o ciclo atual (2021/22), o preço de venda considerado foi a média de julho de 2021 a agosto de 2022 nas praças de referência, por saca de 60 quilos, mas destacamos que a referência chegou a valores maiores em outros momentos de 2022, o que impacta os resultados de quem antecipou a venda da produção no ciclo atual ou deixou para negociar mais tarde.
Para o preço na Safra 2022/23, consideramos o menor preço entre os preços médios das últimas duas Safras, uma vez que a expectativa é de preços menores para a próxima temporada, se confirmada uma boa Safra (soja e milho) na América do Sul, mas ainda em patamares elevados, historicamente.
Para a produtividade, levamos em consideração as estimativas iniciais para os estados em questão (Conab).
Observe na tabela 2 que, apesar do aumento nos custos de produção e da queda na produtividade média das lavouras em 2021/22, frente a 2020/21, os preços em patamares historicamente elevados garantiram bons resultados para a soja, em todas as regiões consideradas.
Tabela 2 . Estimativas de resultados econômicos para a soja em diferentes praças nas temporadas 2020/21 e 2021/22 e projeções para 2022/23.Considerando um aumento relevante nos custos de produção da atividade e o incremento no rendimento médio das lavouras esperado para a safra 2022/23, o resultado projetado é de lucro em todas as praças consideradas, abaixo do resultado médio das últimas safras, mas ainda positivo para o produtor, após dois anos com ótimos resultados.
Para o milho primeira safra, a situação é diferente e, com o forte incremento nos custos de produção do cereal, a estimativa é de resultados praticamente nulos. Veja na tabela 3.
Tabela 3. Estimativas de resultados econômicos para o milho primeira Safra em diferentes praças nas temporadas 2020/21 e 2021/22 e projeções para 2022/23.O aumento dos custos de produção mais que dobraram, limitando a possibilidade de ganhos econômicos nos cenários apresentados.
Mas atenção ao clima e a expectativa de, pelo terceiro ano consecutivo, a presença do fenômeno climático La Niña, fator que certamente deverá influenciar a produção brasileira.
Referências
Companhia Nacional de Abastecimento – Conab
Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – Imea
Departamento de Economia Rural – Deral-PR
Emater – RS
Scot Consultoria