Blog •  25/03/2022

Expectativas para a produção norte-americana de soja e milho na Safra 2022/2023

Escrito por Thayná Drugowick de Andrade, zootecnista
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Campo de soja

Projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam aumento da área com soja e redução da área com milho

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) divulgou as primeiras estimativas acerca da intenção de Safra norte-americana de grãos, neste caso, a temporada 2022/2023, a ser semeada em abril/maio.

Soja

As perspectivas nos Estados Unidos para a Safra 2022/2023 são de maior oferta, exportação aquecida e estoques finais relativamente menores.

Para a área plantada de soja, a estimativa é de 35,61 milhões de hectares, incremento de 0,9% frente à Safra passada, quando foram plantados 35,28 milhões de hectares.

Com relação à produção, a estimativa é de que sejam colhidas 122,19 milhões de toneladas em 2022/2023 frente às 120,7 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado.

Os rendimentos médios também deverão ser maiores, estimados em 57,19 sacas por hectare frente às 57,01 sacas por hectare em 2021/2022.

Do lado das exportações, a projeção é de que sejam embarcadas 58,39 milhões de toneladas de soja, o que representa uma alta de 4,7% em relação ao total exportado na Safra anterior (55,67 milhões de toneladas).   

Os estoques finais de soja para 2022/2023 estão projetados em 8,28 milhões de toneladas, retratando uma queda de 6,2% em relação à Safra passada.

A quebra de safra na América do Sul somada à forte demanda para esmagamento no país foram fundamentais para a expectativa de aumento da intenção de plantio na temporada que está começando nos Estados Unidos. Na tabela 1, apresentamos um comparativo entre a Safra 2021/2022 e a expectativa para a Safra 2022/2023.

Tabela 1. Comparativo entre a Safra norte-americana de soja em 2021/2022 e primeiras expectativas para 2022/2023.

 

2021/22

2022/23

Variação

Área plantada (milhões/ha)

35,28

35,61

0,9%

Produção (milhões/t)

120,7

122,19

1,2%

Produtividade (sacas/ha)

57,01

57,19

0,3%

Exportação (milhões/t)

55,67

58,39

4,9%

Estoques finais (milhões/t)

8,82

8,28

-6,2%

Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria

 

Milho

Com relação ao milho, a expectativa é de redução da área plantada, motivada pela alta dos custos dos insumos, principalmente os fertilizantes nitrogenados, consumidos fortemente nas lavouras.

Espera-se uma redução de 1,4% na área semeada, estimada em 37,23 milhões de hectares, frente aos 37,80 milhões de hectares na Safra 2021/22.

Apesar da expectativa de menor área a ser semeada, a produção deverá bater recorde, atingindo 387,10 milhões de toneladas, um volume 0,8% maior se comparado aos 383,92 milhões de toneladas colhidas em 2021/22. Essa alta se deve pela expectativa de maior produtividade média, estimada em 173,28 sacas por hectare, acima das 169,28 sacas na Safra passada.

Do lado das exportações, a expectativa é de que 2,03 milhões de toneladas do cereal deixem de ser exportadas, devido ao aumento da concorrência do grão perante outros países exportadores.

Assim, os estoques finais norte-americanos estão projetados em 53,4 milhões de toneladas, alta de 27,6% frente ao ciclo anterior, o que corresponde a 41,8 milhões de toneladas. Na tabela 2, apresentamos um comparativo entre a Safra 2021/2022 e a expectativa para a Safra 2022/2023.


Tabela 2. Comparativo entre as Safras 2021/2022 e 2022/2023 de milho.

 

2021/22

2022/23

Variação

Área plantada (milhões/ha)

37,8

37,23

-1,4%

Produção (milhões/t)

383,92

387,1

0,8%

Produtividade (sacas/ha)

169,28

173,28

2,4%

Exportação (milhões/t)

65,86

63,82

-3,1%

Estoques finais (milhões/t)

41,82

53,36

27,6%

Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria

Impactos nos preços no mercado brasileiro

Sendo os Estados Unidos o maior produtor de milho e o segundo maior produtor de soja do mundo, a situação das lavouras norte-americanas, seja positiva ou negativa, repercute diretamente nos preços do mercado brasileiro, principalmente da soja.

Dessa forma, além do Brasil, que está colhendo a Safra de verão (primeira Safra) e semeando a Safra de inverno (segunda Safra), o clima nos Estados Unidos passa a ter importância na precificação no mercado internacional daqui para frente, com a semeadura por lá tendo início em abril/maio. 

Além dos fundamentos citados, fica a atenção para a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Do lado da soja, destacam-se os possíveis impactos nos custos de produção, principalmente relacionados aos fertilizantes.

Para o milho, o conflito poderá impactar as cotações com a possibilidade de maior demanda pelo cereal brasileiro, em vista da importância do país ucraniano para a exportação do produto.

 

Thayná Drugowick - zootecnista

Scot Consultoria