Blog •  17/05/2022

Saiba o que pode mudar na agricultura com a chegada da tecnologia 5G

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imagem de um homem segurando um celular com um notebook ao fundo. Aparecem elementos que remetem tecnologia sob a imagens e há um texto escrito 5G

Além de ampliar o uso de aplicações da inteligência artificial, a rede de tecnologia 5G vai trazer novas possibilidades de automação e geração de dados em tempo real.

O agronegócio brasileiro pode ser um dos setores mais beneficiados com a chegada da tecnologia 5G no país. A expectativa é de que a internet móvel de quinta geração aumente a competitividade do setor em relação a países mais desenvolvidos, trazendo mais eficiência, aumento de produtividade e redução de custos operacionais.

A partir da realização do Leilão 5G, realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em novembro de 2021, as operadoras móveis têm até julho deste ano para implantar o 5G convencional em todas as capitais do Brasil.

Além da navegação mais rápida, a chegada do sinal 5G ao campo vai permitir o uso de tecnologias para facilitar a vida do produtor rural em todas as etapas da cadeia produtiva. Atualmente, a maior parte dos produtores não tem acesso às diversas inovações tecnológicas do agronegócio, já que elas estão associadas a um sinal de alta conectividade. 

Maior alcance com a tecnologia 5G

O diretor científico do Centro de Excelência em Agricultura Exponencial (Ceagre), professor Leandro Souza, explica que a rede de internet móvel de quinta geração (5G) trará melhorias não apenas incrementais, mas qualitativas. 

De acordo com o professor, o principal ganho da tecnologia 5G será colocar a inteligência em dispositivos que comunicam em tempo real, com processamento em nuvem. A empresa ou o produtor pode ter um grande poder computacional sem precisar de um computador local ou equipamentos caros para o processamento de informações.

“Nós teremos um processo de transformação digital muito grande no Brasil com a entrada da tecnologia 5G. Isso significa mais do que o aumentar a velocidade de transmissão. É o acesso a regiões que não têm condições de fazer um grande investimento em data center ou em poder computacional”, afirma.

Processamento de imagens

Souza destaca que, para o agronegócio, haverá uma grande evolução na área de Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things) no processamento de imagens e, principalmente, no rastreamento de objetos em vídeo. Segundo ele, para o agro, em especial, tudo o que envolve o processamento de imagem – como o tempo demandado para obter essas imagens e realizar o seu processamento – terá um salto considerável.

“Existem várias aplicações no campo que usam imagens e exigem grande poder de processamento, o que demanda um certo tempo. Com uma rede 5G para trafegar grandes volumes de dados, será possível direcionar a imagem para um servidor com capacidade de processamento e obter essas informações em segundos ou milissegundos”, diz ele.

Outra tendência é que haja uma evolução muito grande em IoT, já que a rede 5G pode garantir que os dispositivos sejam acionados com a segurança e a validação necessárias. É o caso dos sensores para o agro, que hoje têm algumas limitações. “O benefício não é só a taxa de transferência, mas a garantia de que aquele aplicativo esteja conectado. Hoje essas soluções não estão disponíveis no agro por conta do tráfego de rede que exigem”, comenta Souza. 

imagem de um homem em um lavoura de milho, com tablet na mão
imagem de um homem em um lavoura de milho, com tablet na mão

5G na agricultura

Na agricultura, as possibilidades de aplicações do 5G são diversas. Além de ampliar o uso de aplicações da inteligência artificial, a chamada internet das coisas (Internet of Things – IoT), a rede móvel 5G vai trazer novas possibilidades de automação e geração de dados em tempo real.

Com maior conectividade, os produtores terão acesso rápido a dados precisos da lavoura, como estimativa de safra, monitoramento de culturas, colheita e pulverização automatizadas, detecção de pragas e doenças agrícolas. A internet 5G integrada aos equipamentos de IoT também pode ajudar a tornar mais eficiente a aplicação de herbicidas com o sistema de Manejo Integrado de Pragas.

Todas essas aplicações podem facilitar o manejo, diminuir os custos e elevar o desempenho do setor agrícola, melhorando o rendimento da terra, o uso de recursos e a produtividade.

A chegada do sinal 5G também vai solucionar muitas demandas do agronegócio que exigem um técnico em campo para tomada de decisão, diminuindo o custo operacional da propriedade.

“Podemos construir aplicações que possam nortear o produtor e que sejam ferramentas de suporte para a tomada de decisão de técnicos em campo, tudo feito em tempo real. Hoje não conseguimos fazer isso”, conta o especialista.

Limitações para o uso da tecnologia 5G no campo

Segundo Souza, nem todas as possibilidades do 5G estarão disponíveis para todas as regiões. O sinal 5G será realidade a curto prazo nos grandes centros, mas em alguns locais a alta taxa de transferência pode não estar disponível. Mesmo assim, o produtor pode ter acesso ao pacote necessário para usar dispositivos IoT.

“Não se trata apenas de instalar uma antena. Existe toda uma estrutura correlata de técnicos e serviços para a região. As áreas perto dos grandes centros serão mais beneficiadas, mas existem regiões em que alguém terá que pagar para que ocorra a cobertura”.

E como cobrir o agro com 5G? Várias ideias estão em discussão, mas ainda não se sabe como será a monetização do 5G e a tarifação em cada espectro. Para entender melhor, existem os espectros de dispositivos móveis, como das maquininhas de cartão, e outros mais altos, com maiores taxas de transferência e alcance reduzido.

“A cobrança do 5G não será só pelo sinal, mas pela utilização do espectro. Se em determinado horário há muito tráfego, por exemplo, a operadora poderá cobrar mais, ou então cobrar menos em períodos de tráfego reduzido”, explica. 

Quais planos estarão disponíveis para o agro?

Para aumentar a conectividade onde não há sinal, as operadoras estão se preparando para oferecer um plano com características específicas para cada produtor. A proposta é que, para colocar sinal na propriedade, ele deve comprar o equipamento, pagar uma taxa de adesão e a manutenção mensal daquela estrutura na fazenda, que será uma estação monitorada por técnicos.

Outra proposta é a comercialização de dispositivos de IoT com o pacote de serviços embutidos, como acontece com os telefones celulares. A intenção é lançar dispositivos com conectividade já inclusa voltada para o agronegócio, para agregar valor ao sinal de internet.

As operadoras também estão investindo muito em dispositivos de IoT que só se tornam ativos e enviam as informações solicitadas depois de requisitados. “Por exemplo, eu tenho um sensor no solo, e em determinado momento pergunto qual a umidade do solo. Ele vai ativar só naquele momento. Isso vai aumentar a vida útil da bateria, que pode durar meses ou anos”, explica. 

Atualmente o acesso à tecnologia 5G só funciona nos pontos de pesquisa liberados pela Anatel, em caráter experimental. Legalmente ele ainda não está regulamentado, mas em fase de implementação por parte das operadoras que conseguiram uma fatia do mercado no leilão.

“As infraestruturas internas das principais operadoras do Brasil já estão preparadas para começar a operar no 5G, mas na ponta ainda é necessário instalar os equipamentos”, conta Souza.

Fazenda experimental testa tecnologia 5G

A tecnologia 5G já foi utilizada em caráter experimental na fazenda Nycolle, no município de Rio Verde, em Goiás. A pesquisa com aplicações práticas da nova tecnologia foi desenvolvida pelo Ceagre. 

No primeiro case, foram utilizados drones para o controle e a prevenção de ervas daninhas por meio de Inteligência Artificial. As lavouras da fazenda foram mapeadas por drones para indicar a quantidade exata de uso de fertilizantes e a necessidade do combate de pragas. 

A segunda pesquisa utilizou Hovers, veículos autônomos conectados à nuvem. Eles estavam conectados com uma câmera 360 graus com nove câmeras em alta resolução, que transmitiam imagens em tempo real diretamente para um par de óculos de realidade virtual. Além de proporcionar a digitalização e automação ainda maior do campo, a internet 5G poderá ser uma importante aliada para produtores com dificuldade de locomoção.